1- Nome, quantos anos anos de dança e quais cias você já dançou ?
Cintia Pinheiro mais conhecida como Miss'C. Comecei a paixão por danças urbanas desde cedo vendo grupos de dança de rua na TV, nunca imaginei que um dia fosse ter a oportunidade de dançar. Por volta do ano 2000 comecei a praticar (o que se denominam Vogue, mas na verdade não era) em uma cia chamada D.R.C (Dança de Rua da Chatuba) onde fiquei por pouco tempo e logo após fui dançar como dançarina de cover de 'N SYNC (no grupo cover de Nilópolis ,Crazy's), dali comecei a levar a sério mesmo me empenhar mesmo sabendo que como cover seria passageiro, fiquei neste grupo por volta de 2 anos e resolvi de vez me dedicar somente aos estudos pois a vibe de boysband estava chegando ao fim. Terminando os estudos, colei numa cia chamada Omega Street, onde o fundador era um conhecido meu da D.R.C e através desta cia passei a ter contatos com a galera das danças urbanas, principalmente com o extinto grupo de Caxias o União Street do coreógrafo Assiny de onde também fiz parte e fui vendo que muita coisa que tinha aprendido não era o certo. Não fiquei por muito tempo no Omega nem no União Street, minha dedicação e oportunidades que apareceram não estavam agradando muito meu coreógrafo do Omega, já o do União sempre e até hoje me apóia em tudo. Resolvi então montar meu primeiro trabalho junto com alguns amigos, o grupo Kairos Street, onde também não obtive sucesso. Fiquei um tempo desanimada pensando pra onde iria e do que seria meu destino na dança e através de novos conhecimentos na dança fui chamada para o grupo Movimento Black Rio onde minhas idéias, treinos, e aprendizados se afloraram mais. Por último, montei um trabalho na Maré o grupo Hip Hop 21, de novo não deu certo, muitos desistiram e pouquíssimos quiseram dar continuidade, não dava para continuar além da distancia e gastos os poucos que permaneceram ao meu lado brevemente teriam que parar por algum motivo. Por pior ou melhor que tenha sido minha passagem em cada grupo destes, se formou a profissional de hoje.
2-Quando você iniciou a pratica de krump e por que?
Por volta de 2005, li um debate no orkut sobre o estilo, pesquisadora como sempre fui resolvi ver "exatamente" que era. Vi um vídeo, de cara odiei, foi terrível mas mesmo assim quis saber mais sobre a dança e resolvi perguntar ao meu coreografo da época do que se tratava o estilo, o mesmo não soube explicar. Resolvi de vez pesquisar por mim mesma, principalmente quando não estava mais no grupo. Vi o documentário Rize, AMEI. Na época não tinha ninguém no Brasil principalmente no RJ treinando Krump, resolvi pesquisar e treinar sozinha. Identifiquei-me com a dança pelo estilo mais rústico e agressivo, um estilo que sempre tive na dança.
3-O que você aprendeu ou ganhou com o krump e sua filosofia?
Aprendi que por maior que sejam nossos problemas ou o que se passa em nossa sociedade. Através não só do Krump mas das danças em si podemos ajudar o próximo e nos expressar em forma de dança. O krump a cada dia evolui, o Krump de 2005 não é o mesmo de 2009 e assim devemos ser a cada dia. Evoluir sempre.
4- O pessoal do movimento no geral procura como referencia os kings(krumpers) de fora, quem você indicaria como referencia do brasil mas especificamente do rio???
Não tenho um nome a citar, o Brasil tem muito ainda para crescer. Mas admiro a todos aqueles que se apaixonam pelo estilo de uma forma completa estudando todas suas bases e não simplesmente por modismo.
5- Falando em referencias, quais são as suas na dança de rua ou hip hop dance em geral?
Quando comecei a me envolver mesmo em danças urbanas, qualquer um que eu via dançando bem (principalmente em algum grupo bem conceituado) eu achava que era uma referência, com o tempo fui vendo que não era bem por ai. Hoje existem muitas pessoas que admiro tais como meu namorado Willow do G.RN, que é um bailarino urbano completíssimo, sabe o suficiente de tudo e pela humildade que tem com os outros mesmo com todo seu conhecimento. Assiny do US2 Company e R.M Cia de Dança, meu eterno coreógrafo, pela postura como profissional, seu envolvimento com a dança é muito além de danças urbanas, suas idéias coreográficas são as mais polêmicas e imprevisíveis de qualquer outra cia do RJ, ele torna o que parece ser diferente, ser algo completamente adaptável para qualquer outra cia independente do que você tenha dançado antes. Anyel do R.M Cia de Dança, pela sua energia em palco, também é um dançarino completo e pelos excelentes trabalhos como coreógrafo. Gosto muito também de meu ex coreógrafo Eddy (M.B.R) no qual nos últimos anos ele foi minha referência, aprendi e conheci muita coisa através dele, tenho um grande respeito por ele na dança pela forma que se dedica em cada trabalho que faz.
Do exterior não tenho muito o que falar, gosto de falar do que realmente vivencio mas gosto muito do trabalho da Luam.
6- O que você acha do cenário carioca e brasileiro de dança de rua?
Vejo que não há e nem nunca houve espaço para danças urbanas em nosso país como se tem para as clássicas. Acho que poucas cias fazem algo diferente, que estamos escassos de bons festivais. Que cada bailarino, a cada dia que passa se torna mais solo do que nunca (participando de batalhas ou de coreos em solos) ou os que não se tornam solos vivem somente para serem coreografados por alguém e não buscam crescimento próprio, só se aprende quando lhe chega a informação e isso por um lado não é muito legal. Acho que todo bailarino urbano deve ser pesquisador. Vejo também uma certa dificuldade para quem inicia, que parte das vezes inicia de forma errada copio grafando vídeos , onde não tem oportunidades de ingressar em cias mais experientes onde maior parte delas só querem experientes. É uma bola de neve que torna tudo muito complicado. Como ter experiência se não tem oportunidade? Ou até mesmo tem a oportunidade de ingressar num projeto onde se possa aprender e não dá devido valor. Poucos dançam por amor e muitos pelo hobbie. As danças urbanas é muito além do que possamos imaginar, sua cultura deveria existir em disciplinas de faculdades de dança. A partir do momento que se ligarem nisso as coisas fluirão e teremos o devido respeito e valor.
7-Você participou de festivais de dança, quais?
Sim, não muitos. Fui por duas vezes seguidas no Internacional de Curitiba, 1 vez no de Joinville. Por duas vezes no Festival Tereza Petsold, duas vezes no Festival Darcy Porto. E uma vez no festival de Vargem Grande do Sul em SP.
8-agora essa e uma insatisfação minha, mas gostaria de saber a sua opinião, falando de festivais competitivos você não acha que meio que existe uma regra que ta deixando todos os grupos com suas coreografias muito parecidas quase que iguais, e dependendo do ano e do estilo que esta na moda e todos os grupos passam por este estilo quase que da mesma forma ou igual? Você concorda e o que você acha???
Percebo isto também, por este motivo não tenho mais o desejo de antes de participar de alguma cia. São sempre as mesmas coisas, pouca evolução individual, gasta - se horrores para muitas das vezes receber um cracha de festival como lembrança ou ate mesmo um certificado. Existem cias que investem mesmo nos bailarinos, sempre leva um workshop para aprendizado. Porém se pararmos para analisar quantos deles realmente aprenderam com 1h de workshop? São poucos, workshops são sempre ótimos porém não so o bastante. Acho que cias limitam muito o dançarino mas também admito que o interesse em adquirir informação deve partir de si mesmo. Quer participar de uma cia? Participe, mas se torne pesquisador também, saiba o porque que você dança aquilo, de onde veio. Gostaria muito de futuramente montar um projeto meu, somente meu, porque dividindo nunca deu certo, porém ainda não achei pessoas aptas de interesse para se iniciar um bom trabalho. Se um dia eu conseguir, ÓTIMO, senão pretendo arrumar tempo que pouco me resta para voltar a treinar individualmente. Sabe aquele ditado, melhor sozinho que mal acompanhado? Pretendo participar de batalhas, porém ainda não tive coragem.
Essa foi uma pequena entrevista com Miss'c, espero que comentem. A comunidades dela se chama krump-brasil
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